Neste artigo Daciano da Costa, nome incontornável do design em Portugal, recorda com ironia e lucidez o seu percurso, iniciado numa época em que nem sequer existia um nome para a profissão. Define o seu trabalho como “dar o risco” expressão herdada do mestre Frederico George , assume o desenho como forma de ver e compreender o mundo. Com mais de 12 mil desenhos entregues ao Estado, parte da sua obra é hoje património nacional. Fala das origens humildes da profissão, da constante necessidade de adaptação e da recusa em ver o design como mero objecto de sedução. Para Daciano, o design deve ser funcional, colectivo e interventivo. Nunca se quis pintor solitário: preferiu sempre o trabalho em grupo, feito de conversa e partilha. Apesar do reconhecimento, recusa ser visto como uma instituição. Mantém o humor e a grafite, e continua a desenhar como quem regista o mundo, com espírito crítico, mau feitio e sentido cívico.